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Porque é precisa a educação especial?

POR QUE É PRECISA A EDUCAÇÃO ESPECIAL?

 

A educação especial é absolutamente necessária para os alunos com necessidades especiais – aqueles que são significativamente diferentes da média. As crianças com necessidades especiais podem ser portadoras de necessidades educativas especiais ou de sobredotação, ou ambas. Quão desviante da média e em que aspetos um aluno deve ser diferente em relação à maioria dos alunos são assuntos alvo de controvérsia constante. Contudo, seja qual for a qualidade do ensino regular, nunca será e nunca poderá ser a melhor resposta educativa para todos os alunos. As realidades no que concerne a avaliação e a estatística dizem-nos que, gostemos ou não, haverá sempre alunos que são muito diferentes do chamado aluno típico. A realidade que respeita à educação diz-nos que estes alunos requerem algo distintamente diferente do ensino que é adequado à maioria dos alunos.

A maioria dos alunos que necessitam dos serviços de educação especial tem necessidades educativas especiais, estando abaixo da média numa ou mais das capacidades seguintes: pensamento (cognição); aprendizagem de matérias académicas (a aprendizagem não é consistente com a capacidade intelectual do aluno); reconhecimento e controlo de emoções ou comportamentos; uso da fala na comunicação; audição; visão; locomoção ou bem-estar físico. Os termos associados a estes problemas incluem os problemas intelectuais, as dificuldades de aprendizagem específicas, as perturbações emocionais, as desordens da comunicação, a surdez ou o impedimento auditivo, a cegueira ou o impedimento visual, os problemas motores ou os impedimentos de saúde, o autismo, o traumatismo craniano, e as discapacidades severas ou múltiplas. Os alunos que apresentam este tipo de problemas não têm vindo a ter sucesso no currículo comum que é ministrado por um professor do ensino regular. Os serviços de educação especial podem também ser necessários para os alunos cujas capacidades estão significativamente acima da média – aqueles com dotes ou talentos especiais.

A educação especial, no que respeita ao ensino, depende da capacidade do professor de educação especial em alterar a instrução típica tendo em conta um conjunto de dimensões essenciais: velocidade ou cadência, intensidade, persistência, estrutura, reforço, rácio professor-aluno, currículo, monitorização ou avaliação. Muito mais frequentemente do que os professores do ensino regular, os professores de educação especial podem alterar a velocidade de apresentação das tarefas ou a cadência dos alunos numa determinada matéria. Também podem alterar, de uma forma significativa, a intensidade da instrução, por exemplo, a sua exigência, o número de repetições necessário para levar a cabo determinado objetivo e o nível de dificuldade das tarefas educacionais. Ainda de uma forma significativa, os professores de educação especial podem ajudar a alterar a estrutura do ensino como, por exemplo, as regras, as expectativas, e o controlo do professor. Podem, ainda, alterar as consequências da realização (usando, por exemplo, estratégias específicas), o rácio professor-aluno, e o currículo (o que é ensinado). Finalmente, a frequência e o tipo de monitorização e avaliação do progresso do aluno com necessidades educativas especiais podem ser mais facilmente afinados.

Todos os professores tentam dar o máximo de atenção individualizada possível aos seus alunos. Contudo, os professores de educação especial podem e devem, quando necessário, prestar uma maior atenção individualizada aos alunos com necessidades educativas especiais do que os seus colegas do ensino regular. Nenhuma educação pode ser melhor do que os professores que a provêm. Necessitamos de professores de educação especial que participem na educação dos alunos com necessidades educativas especiais ou os ensinem de uma forma que os professores do ensino regular simplesmente não o podem fazer, uma vez que têm de lidar com grupos alargados de alunos típicos.

 

James M. Kauffman

Professor Catedrático Emérito, Universidade da Virgínia